hebraico, com algumas poucas exceções aparecendo em aramaico. São elas: Esdras 4.8—6.18; 7.12-26; Daniel 2.4—7.28; Jeremias 10.11. Por que Deus escolheu o hebraico? De acordo com Geisler e Nix, o hebraico é uma língua tanto visual como pessoal:
1. É uma linguagem pictórica, falando com metáforas vividas e ousadas que desafiam e dramatizam a história. A língua hebraica possui uma facilidade para apresentar “imagens” dos
acontecimentos narrados. “O pensamento
hebraico acontece por imagens, e,
consequentemente, seus substantivos são concretos e vividos. Não existe nada parecido com o gênero neutro, pois, para o semita, tudo está vivo. Faltam palavras compostas. [...] Não existe riqueza de adjetivos. [...]” A língua apresenta “vastos poderes de associação e, portanto, de imaginação”. Algumas dessas características perderam-se na tradução para o português, mas, mesmo assim, “muito do caráter vivido, concreto e direto de nosso Antigo Testamento em português é na verdade o transporte para nossa língua de algo da genialidade da língua hebraica”. Como uma linguagem pictórica, o hebraico apresenta uma figura vivida dos atos de Deus entre um povo que se tornou exemplo ou ilustração para as gerações futuras (cf. 1 Co 10.11). Já que o Antigo Testamento teve a intenção de ser um livro biográfico para cristãos, convinha que essas verdades fossem apresentadas explicitamente em uma “linguagem visual”.
2. Além disso, o hebraico é uma língua pessoal. Ela atinge o coração e as emo ções em vez de simplesmente a mente ou a razão. Às vezes, até mesmo às nações são atribuídas personalidades (cf.
Ml 1.2,3). O apelo é sempre para a pessoa na realidade concreta da vida, e não no abstrato ou teórico. O hebraico é uma língua pela qual a mensagem é sentida, e não pensada. Como tal, a língua era altamente qualificada para transmitir ao crente individual bem como à comunidade adoradora a revelação pessoal do Deus vivo nos acontecimentos da nação judaica. Ela era muito mais qualificada para registrar a percepção da revelação na vida de uma nação do que codificar essa revelação para a propagação entre todas as nações. {A General Introduction to tbe Bible. p. 328,329)
B. O Novo Testamento todo foi escrito em grego. Geisler e Nix veem o grego como uma língua intelectual e universal:
1. O grego era uma língua intelectual. Era mais uma língua da mente do que do coração, um fato ao qual os grandes fi lósofos gregos deram muitas evidências. O grego era mais adequado para codificar uma comunicação ou refletir sobre uma revelação de Deus, a fim de colocá-la em uma forma comunicável simples. Era uma língua que poderia mais facilmente transformar o crível em inteligível do que o hebraico. Foi por essa razão que o Novo Testamento grego foi o meio mais útil para expressar a verdade proposicional do Novo Testamento, enquanto o hebraico o foi para expressar a verdade biográfica do Antigo Testamento. Como o grego possuía uma precisão técnica não encontrada no hebraico, as verdades teológicas que foram expressas de forma mais geral no hebraico do Antigo Testamento foram mais precisamente formuladas no grego do Novo Testamento.
2. Além disso, o grego era quase uma lín gua universal. A verdade de Deus no Antigo Testamento, que foi inicialmente revelada a uma nação (Israel), foi devi damente registrada na língua da nação (em hebraico). Mas a revelação plena dada por Deus no Novo Testamento não ficou restrita a essa maneira. Nas palavras do Evangelho de Lucas, a mensagem de Cristo deveria “ser pregada em Seu nome a todas as nações” (Lc 24.47). A língua mais apropriada para a propagação dessa mensagem foi naturalmente aquela que era amplamente falada por todo o mundo. Assim era o grego comum (Koine), uma língua totalmente internacional do mundo mediterrâneo do primeiro século. (Ibid., p. 329)
C. Geisler e Nix ajudam-nos a apreciar a amplitude do significado envolvido no hebraico e no grego.
Pode-se concluir, então, que Deus esco lheu as línguas exatas para comunicar Sua verdade que, em Sua providência, foram preparadas para expressar de forma mais efetiva o tipo de verdade que Ele desejava naquele determinado momento, na revela ção de Seu plano geral. O hebraico, com sua vivacidade visual e pessoal, expressou bem a verdade biográfica do Antigo Testa mento. O grego, com sua potencialidade intelectual e universal, serviu bem para as necessidades doutrinárias e evangelísticas do Novo Testamento. {Ibid., p. 330)
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