sábado, 2 de outubro de 2021

5. Em que língua a Bíblia foi escrita?

A. O Antigo Testamento foi escrito em 
he­braico, com algumas poucas exceções apa­recendo em aramaico. São elas: Esdras 4.8—6.18; 7.12-26; Daniel 2.4—7.28; Je­remias 10.11. Por que Deus escolheu o he­braico? De acordo com Geisler e Nix, o he­braico é uma língua tanto visual como pes­soal:

1. É uma linguagem pictórica, falando com metáforas vividas e ousadas que desafiam e dramatizam a história. A língua hebraica possui uma facilidade para apresentar “imagens” dos 
aconte­cimentos narrados. “O pensamento 
he­braico acontece por imagens, e, 
conse­quentemente, seus substantivos são concretos e vividos. Não existe nada parecido com o gênero neutro, pois, para o semita, tudo está vivo. Faltam palavras compostas. [...] Não existe ri­queza de adjetivos. [...]” A língua apre­senta “vastos poderes de associação e, portanto, de imaginação”. Algumas dessas características per­deram-se na tradução para o português, mas, mesmo assim, “muito do ca­ráter vivido, concreto e direto de nosso Antigo Testamento em português é na verdade o transporte para nossa língua de algo da genialidade da língua he­braica”. Como uma linguagem pictóri­ca, o hebraico apresenta uma figura vi­vida dos atos de Deus entre um povo que se tornou exemplo ou ilustração para as gerações futuras (cf. 1 Co 10.11). Já que o Antigo Testamento te­ve a intenção de ser um livro biográfi­co para cristãos, convinha que essas verdades fossem apresentadas explici­tamente em uma “linguagem visual”.

2. Além disso, o hebraico é uma língua pessoal. Ela atinge o coração e as emo­ ções em vez de simplesmente a mente ou a razão. Às vezes, até mesmo às na­ções são atribuídas personalidades (cf. 
Ml 1.2,3). O apelo é sempre para a pes­soa na realidade concreta da vida, e não no abstrato ou teórico. O hebraico é uma língua pela qual a mensagem é sentida, e não pensada. Como tal, a lín­gua era altamente qualificada para transmitir ao crente individual bem co­mo à comunidade adoradora a revela­ção pessoal do Deus vivo nos acontecimentos da nação judaica. Ela era muito mais qualificada para registrar a per­cepção da revelação na vida de uma nação do que codificar essa revelação para a propagação entre todas as na­ções. {A General Introduction to tbe Bible. p. 328,329)

 B. O Novo Testamento todo foi escrito em grego. Geisler e Nix veem o grego como uma língua intelectual e universal:

1. O grego era uma língua intelectual. Era mais uma língua da mente do que do coração, um fato ao qual os grandes fi­ lósofos gregos deram muitas evidên­cias. O grego era mais adequado para codificar uma comunicação ou refletir sobre uma revelação de Deus, a fim de colocá-la em uma forma comunicável simples. Era uma língua que poderia mais facilmente transformar o crível em inteligível do que o hebraico. Foi por essa razão que o Novo Testamento grego foi o meio mais útil para expres­sar a verdade proposicional do Novo Testamento, enquanto o hebraico o foi para expressar a verdade biográfica do Antigo Testamento. Como o grego possuía uma precisão técnica não en­contrada no hebraico, as verdades teo­lógicas que foram expressas de forma mais geral no hebraico do Antigo Tes­tamento foram mais precisamente for­muladas no grego do Novo Testamento.

2. Além disso, o grego era quase uma lín­ gua universal. A verdade de Deus no Antigo Testamento, que foi inicialmente revelada a uma nação (Israel), foi devi­ damente registrada na língua da nação (em hebraico). Mas a revelação plena dada por Deus no Novo Testamento não ficou restrita a essa maneira. Nas palavras do Evangelho de Lucas, a men­sagem de Cristo deveria “ser pregada em Seu nome a todas as nações” (Lc 24.47). A língua mais apropriada para a propagação dessa mensagem foi natu­ralmente aquela que era amplamente fa­lada por todo o mundo. Assim era o gre­go comum (Koine), uma língua totalmente internacional do mundo mediter­râneo do primeiro século. (Ibid., p. 329)

 C. Geisler e Nix ajudam-nos a apreciar a am­plitude do significado envolvido no hebraico e no grego.
Pode-se concluir, então, que Deus esco­ lheu as línguas exatas para comunicar Sua verdade que, em Sua providência, foram preparadas para expressar de forma mais efetiva o tipo de verdade que Ele desejava naquele determinado momento, na revela­ ção de Seu plano geral. O hebraico, com sua vivacidade visual e pessoal, expressou bem a verdade biográfica do Antigo Testa­ mento. O grego, com sua potencialidade intelectual e universal, serviu bem para as necessidades doutrinárias e evangelísticas do Novo Testamento. {Ibid., p. 330)

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